já fiz o que dava, fiz as unhas e tomei banho pra parecer gente, com muuuuuito esforço.
dei conselhos amorosos pra um primo, já que sou especialista nisso (quando se trata dos amores alheios), discutimos sobre garotas loiras e siliconadas que tem próteses no lugar do cérebro, sobre como elas malham tanto e não trabalham, sobre como eu trabalho e não malho.
conversei com outro amigo sobre problemas cotidianos e ele fez graça com tudo (ele é o único que tem esse direito), elogiou minha magreza excessiva (só ele consegue esse feito), brincou que tudo o que acontece na minha vida é apenas pela ausência da carne, eu ri um pouco mas sem mostrar os dentes.
que vontade de arrancar o tédio de dentro do tronco com as mãos, sem dor... não tem livro, música, festa, show, reuniãozinha, social nem outro tipo de distração que me atraia.. tô com enjôo do mundo hoje, justamente hoje.
queria ir pra um parque, daqueles de bairro, bem cheios de tétano e andar na roda gigante, olhar tudo de cima mesmo que não seja tão alto.
eu e eu, como fazia antigamente quando sentava de frente pro mar e respirava meu ar, soltava meu ar, olhava meu mar, até tremer sozinha com meu frio e ir embora sozinha com o cabelo embolado pelo vento e pela maresia.
até pra escrever trava um pouco e nem sei se eu deveria mesmo postar esse texto e nem se deveria ser chamado de texto... mas preciso aprender a ocupar minhas lacunas, principalmente se são TÃO minhas, como esse espaço.
termino no tédio ainda, ainda dando conselhos pro primo, rindo pouco do amigo, ouvindo minha mãe falar da rua pra beber água e com vontade de estar lá no alto da roda gigante.
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