15 de setembro de 2014

De amores destrutivos.

Mudei o título de "Sobre amores destrutivos". Parecia didático e não é, até porque apesar de ter feito "intensivões", não sou especialista no assunto. Também mudei de "Por amores destrutivos" porque imprimia causalidade e também não se trata de tal.
Tudo bem, alguém abriu um buraco no seu peito, devastador. Na verdade aumentou o diâmetro de um rombo que já estava ali, pois quando se é inteiro e pleno, há reconhecimento de que a regeneração vem de dentro, continuamente. E pelo fato de o sofrimento ser aparentemente irremediável e ilimitado, você (eu, nós) esquece que aquele amor junkie não te trouxe só a dor nem o discurso démodé de "é bom pra aprender, pra escolher melhor", e toda a baboseira.
Quando desligados, os amores destrutivos deixam marcas bem bonitas em nós. Não posso ignorar como já aprendi a consertar bicicletas, a cozinhar molhos e comidas nunca antes imaginadas no meu menu, a prender prateleiras, frequentar parques (a lista é extensa passando até por como organizar inteira uma ceia de natal - pra dois.), cuidar de um jardim, de uma casa, de um coração que não o meu.
Aprende-se muito com esse tipo de amor.
Não defendo a durabilidade da agonia nem demais sensações profundas causadas por esse tipo de amor, acho mesmo que vêm e vão como tudo na vida e certamente deixam muito de auto-conhecimento sobre o que se tem apreço, sobre as infinitas possibilidades sexuais, emocionais, psicológicas e muito mais do que alimenta nossa legitimidade.
Amores destrutivos constroem uma importante parte de nós. Sem síndrome de Poliana, dói pra cacete.
Mas com olhos de quem se sente sempre maior, sinto tanto a capacidade de escrever um livro extenso sobre a totalidade da existência, quanto a de estar cada vez mais consciente e rica de mim, após o fechamento de ciclos desse porte.

In: https://www.youtube.com/watch?v=ikVvpcfxcwQ

Outhttps://www.youtube.com/watch?v=OpmTTvC41Hg