25 de janeiro de 2011

é, chegou a hora de cuidar de mim. de mandar dar uma volta a menina que cuida de tudo, que se priva de mundos pra não aborrecer os amores, talvez mande pra sempre... talvez ela não volte mais.
ainda sou só cabeça, uns muitos quilos dela... mais uma boa parte de causas e efeitos, mais angústia, mais algumas dores e perdas e faltas e expectativas não correspondidas á duas décadas.
algum dia isso tudo teria que ir embora, mas a falta de antes, refletiu no resto da vida uma falta permanente, ás vezes até verdadeira... de quando as pessoas cansam.
depois de cortar o pé e ver que o sangue era real, deu pra perceber que nem metade do mundo merece o que eu podia dar a ele... que muitas pessoas dariam um valor inestimável a uma amizade como a minha (que cuida) e muitos homens poderiam dar valor a um amor como o meu (que cuida também), bem complexo, mas que alguns poderiam entender como intensidade, poderiam cessar esse nó no peito se entendessem.
acho que é assim que se faz, vendo tudo de bom que eu tenho, sem primeira pessoa do plural, sem esperar qualquer coisa... pode ser melhor deixar morrer muitos sentimentos, que olhar insistentemente pra dentro do peito alheio, tentando resgatar qualquer amor já gasto.
vai ser difícil ser egoísta, olhar só pra dentro, quando se fez uma vida toda ao contrário... mas sabe que doeu menos escrever isso tudo do que antes seria?
e sinto muito menos vontade de desejar (sozinha) dias inteiros acompanhada, corações juntos... talvez essa seja a forma certa.. sem olhar perfis, narizes e apreciar cheiros.

19 de janeiro de 2011

eles passarão, eu passarinho.

a maioria das mulheres que já passaram pela sua vida gostavam das mesmas músicas que você, usavam suas roupas, cabelo ou maquiagem preferidas e aqui está você comigo...
eu que sou o contrário de você, eu menos acreditada da vida e das relações humanas...
na verdade, eu comecei a acordar pro seu mundo debaixo d'água... mergulhando de mãos dadas e descobrindo que a vida boa não é só afundar em livros (embora essa ainda seja minha melhor opção), e quando você me perguntou numa curva fechada por que eu não escrevo um livro, e quando você me olha de baixo pra cima e diz que me ama, ou quando você fala mil coisas bonitas bêbado e quando eu peço pra você parar, e você diz que quer que as pessoas ouçam na rua.
demorei a acreditar que fosse isso tudo mesmo, mas como viver achando que é pouco e superficial?
a diferença entre mim e as mulheres que passaram pela sua vida, é que elas passaram, eu não.

15 de janeiro de 2011

até quando?

tudo começou, porque falar incomoda e não falar também incomoda... mas se falar incomoda mais, e apesar de termos que expressar qualquer sentimento como espremendo o limão até o fim agora, falar é emotivo demais, mulher demais, sentimental demais, amanhã passa (e passa mesmo), ponto final, vírgula, etc etc etc...
eu acabo fechando as mãos com força até marcar com unhas, tensionando a testa e o cérebro e me sentindo pequena demais, fraca, vulnerável à essa história toda, como se nunca mais fosse se acertar.
eu escuto amor, ouço amor, mas não vejo esse amor todo. sem agressor ou agredido. esse amor se esvaiu há um tempo, ou pelo menos suas formas as quais penetravam na mente, confiavam, deixavam sem esse nó doído na garganta que não tem mais força. sem esse ódio da impotência, sem mãos atadas.
faz falta aquele amor que demonstrava poder tudo, com tudo e todos, que dava força pro resto da vida também, que avivava, que não exigia exigências, que não pedia pedidos e sabe por quê? porque não precisava, tudo acontecia certo à sua maneira.
eu até sinto um retorno ás vezes, mas admito que sou uma só e não sei se aguento cuidar de dois corações, até porque só mando nas vontades do meu, e nesse ainda existe muito amor.
me enfio debaixo das cobertas com medo de sair, de estar do lado no meio da rua, de catar os pedaços de amor quebrados e tentar colar sem cola.
até quando?

13 de janeiro de 2011

cinco.

agora eu me encontro aqui, nesse misto de quente, frio e incerteza... esperando minha companheira esfriar pra eu beber e talvez dormir, talvez acalmar esse tanto de cérebro e estômago que eu tenho e que agora você faz questão de jogar uns cem quilos em cima.
se eu pudesse, sumia, sumia pra um lugar onde não se pensa, não se sente, não se machuca. é difícil aceitar um período temporal imposto pra penar em sentimentos definidos.
se dói, dói. se não é, não é e quem sou eu pra mudar alguma coisa, apesar de me sentir medindo 1 centímetro e pesando meio grama.
esse amargo na garganta que sobe quente, só me lembra o tempo todo que os ponteiros estão rodando e que daqui a pouco é hora de pôr tudo pra fora, voltar a comer, ter força física, deixar a coitada da cidreira crescer em paz... acertas certos pontos esmagadores, aqui, na minha vida.
espero ansiosa essa hora chegar, da cabeça voltar a funcionar e de talvez viver de novo, aqueles melhores cinco dias da minha vida.
"(...) Eu sou apenas a garota angustiada, de cabeça metralhadora, de tremedeira na existência, de maxilares travados de tanto que dói gostar tanto de tudo. Eu sou apenas a garota que tenta ser amada. E sou profundamente amada por alguns meses, até o garoto segurar firme a minha mão e dizer "nós somos inseguros e queremos uma garota normal". E então eu me pergunto se não deveria lobotomizar meu cérebro pra pensar menos, lobotomizar meu coração pra sentir menos, lobotomizar meu espírito pra estar agora menos obcecada pelo seu joelho magrelo. E então eu falaria pouco, teria alguma profissão sonsa dessas que a pessoa fica em cima de apostilas na madrugada ao invés de estar abaixo das estrelas e você poderia me dar a sua mão magrela e nós andaríamos pelas ondinhas secas que fazem bordas de espelho para nossas pernas que seguem juntas. Ou, se ser escritora fosse forte demais, que eu começasse então a escrever sobre o velho e o cachorro. Quem quer bancar a menina que escreve sobre suores e joelhos e cheiros? Eles são inseguros e querem uma garota normal, entende? Você agora penteia o cabelo pra trás, a gotinha de suor pinga na areia fazendo uma lágrima. Você se levanta e vai nadar sozinho. Antes, você se esbarra inteiro no meu corpo, como sempre faz só pra me atordoar e só porque é bem legal ter uma mulher como eu prestando tanta atenção em vocês. Vocês saberiam melhor o que fazer se eu fosse normal, mas algo dentro dessas covardias machistas simplórias e primatas ainda consegue distinguir como é bem legal ser admirado por uma mulher como eu. Antes de me deixar pirando em toda a sua magreza que flutua pelo mundo como uma música leve e impossível de tirar do repeat, você olha pra trás e diz: "mas deve ter alguém que não tenha medo."

Tati Bernardi.

12 de janeiro de 2011

(des)ilusão.

ás vezes acaba tudo, menos o amor. e o amor sozinho não suporta nada sem a parceria, a compaixão, perdão e sentimentos do tipo.
quando esses sentimentos se esvaem por orgulho, cansaço ou sei lá o que, até o amor começa a murchar, coitado.
eu achava que amor sozinho sustentava tudo, mas venho aprendendo dolorosamente que todos vamos pro mesmo buraco, o buraco do amor.
onde todo mundo diz que ama, sorri e olha de lado... mas ninguém prova seu amor.
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estava eu aqui, sem saber o que escrever... com preguiça de postar coisas já escritas quando a vi online. falei com medo da rejeição ou qualquer coisa do tipo, ela veio com a explosão de carinho e bem estar que sempre trouxe.

e eu que há uns bons anos, me achava bem forte com aquele cabelo colorido, muito segura de mim andando só com os homens da escola de peito pra frente, rindo alto pra quebrar o silêncio de quem eu não fui bem quista, gritando a vida e montando nas costas de gente que eu achava me proteger.
mal sabia eu, que o tal do 'amor" viria uma das primeiras vezes abalar toda aquela fortaleza que instigava as pessoas a não gostarem de mim.
e ela me viu aquele dia (arrependida de ter metade do cabelo loiro e metade castanho), chorosa, sozinha num banco de concreto com propaganda de algum transporte escolar.

pausa pra eu dizer o que pensava dela ANTES: tinha medo de jogar qualquer coisa contra ela, a sombra dela me cobria, pra mim, ela era a única que "prestava" da turma dela (que as antigas colegas não leiam esse blog), enfim... sempre tive medo de gente maior que eu, praticamente o mundo todo.

e ela veio com uma doçura maior que ela, me perguntando o que tinha acontecido e etc, só nós precisamos e sabemos de tudo o que foi sentido e todos os conceitos transformados daí pra frente. não consigo transcrever aqui, nem se quisesse. ela me ensinou e influiu na minha formação de caráter, talvez seja uma das amigas que eu mais amei (amo), nem sei explicar tudo o que ela significou e significa pra mim até hoje.

ps: depois de uns anos, fiquei sabendo que ela também tinha receio de falar comigo, porque eu era muito delicada, irônico não?