18 de novembro de 2010

preciso chorar minha dor. mas dessa vez, sozinha e em voz baixa, comigo mesma.
porque de tanto escutar toda a vida: não chora, para de chorar, pelo amor de deus para com isso... eu mordo o lençol quando preciso de um ombro. aliás, já não mais preciso de ninguém e se por amor eu QUISER chorar e molhar as blusas de uns poucos amigos, eu posso, mesmo assim baixinho e quase nunca quero.
uma vez chorei tão forte e alto que uns vizinhos vieram ver o que era, outros reclamar e minha mãe explicou, com a garra das mães, que eu estava no direito de pôr pra fora a minha dor e era isso mesmo o que eu queria dizer pra eles, mas não tinha força.
nesse dia, meu peito ia inflar até explodir se eu não gritasse minha dor pro mundo, com certeza naquele dia, a rua toda chorou comigo e sofreu comigo, como num ato de compaixão e não pena.
e hoje, já não preciso mais de colo porque já sei a matéria-prima dessas lágrimas e da dor no peito que eu pensava não existir: é o meu amor que só eu aguento e quando eu percebo que outra pessoa não suporta tanto amor, ponho um pouco dele pra fora, desperdiçando... mas agora baixinho, esperando que alguém com o coração tão grande quanto o meu, me dê espaço pra despejar um pouco pois é muito amor e peso.

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