28 de novembro de 2010

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só dois monstros de olhos amarelos e focinhos nervosos, poderiam compreender tudo agora (22:39).
essa semana peguei um táxi e estranhei a forma de dirigir do motorista. ele não cortava os carros e motos, nem corria e pisava fundo como você. meu quarto, minha cama, tem seu cheiro. ás vezes falo no plural. planejo futuros meus, em que você não se pronuncia. passo fins de semana completos com você. precisei de algo forte passando pela garganta e nem tinha tanta vontade, mas fazem tantos anos que pra mim tanto fez. segurei minha beleza e talvez por isso, eu viva de mãos fechadas, não acredito nesse mundo, nem em cenas finais de filmes. estou surda e com os ouvidos inflamados e entupidos por falta de ouvir. a cama sem você fica tão grande e parece que tudo o que me agrada, que sempre me cercou e eu exponho, é idiota. eu me sinto idiota, logo, lembro que esse mundo não me pertence e nem eu a ele... e que o amor sem grandes explosões é o amor duradouro, mas que eu não sou loira, sou magra, olhos fundos... geralmente injetados de sono e mesmo assim, alguém me ama (em relacionamento). deve ser excêntrico, mas sente raiva por eu ser assim e eu confundo o eu dele e eu me afundo nesse mar de almofadas, onde eu sou a mulher mais linda e cobiçada.

25 de novembro de 2010

25/11 (antecipada)

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é lindo como a gente parece ter nascido um pro outro, se isso existir...
percebo desde o modo como você bebe a água que eu te sirvo no copo com gelo, enquanto eu bebo no bico jovial e mal-educadamente, até seus beijos mais profundos e cuidados explícitos.
como quando você deita inclinado com os braços cruzados na hora que saio do banho... surge aquela cena linda de cama, edredom, lençol de malha, você... no meio da fumaça de vapor que sai comigo.
o jeito como você também nos faz ser livres, como busca isso igual a mim, e nos faz ser estranhos no mundo. sempre que passamos pelos pontos badalados da cidade, minha cabeça projeta a frase na parede: "quem são essas pessoas?", e ainda assim, me sinto bem porque você está ali também.
te amo pelo cheiro da sua barba que é diferente do da pele e te amo.
te amo quando te vi jogar futebol, sendo convidada por você mesmo.
te amo quando "aguenta" meus amigos batucando e cantando mpb's infindáveis nos bares, sem parar... quando você tem vergonha porque eu falo alto, rio alto e danço...
essa sou eu, e te amo por você amar tanto essa pessoa que existe em mim e agora, em você também.

23 de novembro de 2010

supra-sumo da incerteza.

não sei o que foi, se a padaria da esquina mudou de dono, alguém na rua comprou um cachorro ou mudaram algum móvel de lugar em casa sem me contar.
mas algo está completamente fora do seu lugar no mundo, objetos ganham vida, minha vida vira objeto ou meus sentimentos se dissipam com frequência, ultimamente.
talvez seja porque meu pai está fora, ou porque voltei pra ginástica sem acreditar no ideal dela, ou alguns alunos meus já tenham passado de ano e outros não.
talvez eu tenha aceitado as atuais condições com resignação... parar os remédios com calma, me forçar a comer certas coisas, aceitar ser 99,9% mais feliz...
quem sabe esse 1% seja o segredo e esteja pairando sobre a cabeça de alguém que tenha posse dele, ou não o queira deixar vir.
quem sabe as flores que eu pintei tenham desbotado, ou pode ser só solidão interna mesmo.
talvez por isso não ocorrer mais com quase nenhuma frequência, eu esteja me sentindo minha própria companhia, amiga, amor, amante... e os outros ao redor me enxerguem duplicadamente completa.

mundo, pode se foder hoje com seus sons, hostilidades, amores e a merda toda... estou muito cansada e desiludida pra você.

18 de novembro de 2010

preciso chorar minha dor. mas dessa vez, sozinha e em voz baixa, comigo mesma.
porque de tanto escutar toda a vida: não chora, para de chorar, pelo amor de deus para com isso... eu mordo o lençol quando preciso de um ombro. aliás, já não mais preciso de ninguém e se por amor eu QUISER chorar e molhar as blusas de uns poucos amigos, eu posso, mesmo assim baixinho e quase nunca quero.
uma vez chorei tão forte e alto que uns vizinhos vieram ver o que era, outros reclamar e minha mãe explicou, com a garra das mães, que eu estava no direito de pôr pra fora a minha dor e era isso mesmo o que eu queria dizer pra eles, mas não tinha força.
nesse dia, meu peito ia inflar até explodir se eu não gritasse minha dor pro mundo, com certeza naquele dia, a rua toda chorou comigo e sofreu comigo, como num ato de compaixão e não pena.
e hoje, já não preciso mais de colo porque já sei a matéria-prima dessas lágrimas e da dor no peito que eu pensava não existir: é o meu amor que só eu aguento e quando eu percebo que outra pessoa não suporta tanto amor, ponho um pouco dele pra fora, desperdiçando... mas agora baixinho, esperando que alguém com o coração tão grande quanto o meu, me dê espaço pra despejar um pouco pois é muito amor e peso.

16 de novembro de 2010

manias.

a primeira sensação é de desespero. mas logo aceito tentar dormir com uma dose (bem) menor.
tento ler, mas Chico me dá vertigem, não tem mais Sidney e Marcelo tá lá em cima. ligo porque essa hora a gente sempre liga... e nada. "o tédio faz nossa mente entrar em parafuso e não dá pra falar nada." nada mesmo.
mas o nada já é alguma coisa e á partir do momento em que ele pronunciou: nada, eu explodi a parede que estava me bloqueando, assim como minha mãe entrando no quarto me fazendo pular da cama, só pra me lembrar de ligar pra minha dentista.
na verdade, como um milagre, voltei à minha rotina preferida: trabalhar com vontade, comer tudo certinho quando dá, cuidar de uma anemia que quis me assustar, escrever, ler com os joelhos na parede gelada, dormir com a cara nos livros e com as luzes acesas, ir todo o fim de semana pros mesmos botecos e rir até dar dor de barriga e à praia quando dá sol, voltar pra ginástica toda semana com minha mãe me empurrando, sentir a energia das pessoas e dos lugares, dormir as tardes de domingo com meu amado, dormir as noites frias com ele esquentando a casa e puxando o edredom todo, vendo filmes que não interessam a quase ninguém, lendo suspenses e romances e biografias ao mesmo tempo, aprendendo muito e querendo escrever sobre tudo em volta, sem dor, sem choro, fácil e com felicidade.

15 de novembro de 2010

surpresa colorida.

já aviso que será difícil e subjetivamente difícil escrever sobre ela.
alguns podem despercebê-la, mas pra mim ela soa como um verde suave. no começo achei que era "só" uma mulher séria que já aprendera mais que eu na vida. e é. mas não SÓ e mesmo que fosse "apenas" isso, não seria só.
apesar de não serem muitos os anos que nos separam, estou mudando móveis de lugar aqui dentro devido a certos pensamentos soltos ou profundos que ela me injetou sem saber. e eu sou difícil de mexer assim, no tempo (acho que não sei como explicar).
ela vem me mostrando o que uma mulher pode ser e sentir e ela me diz fisicamente sentir, o que eu duvidava que ocorresse com mulheres como nós, na casa dos vinte. ela me faz sentir livre em ser menina também. conseguiu numa só hora de papo deitadas no sofá, me fazer chorar de rir, de emoção e arrepiar inteira.
ela é pra mim, uma mulher definida como: ISSO TUDO.
talvez, eu na sua situação tivesse pirado e desacreditado da vida, mas ela tem a capacidade de cuidar de uma casa, trabalhar, cuidar de tudo mais e ainda entender um homem, que se apaixonou por ela, creio eu, pois conseguiu enxergar o misto de mulher forte e sensível que ela é, como eu consegui olhando de fora.
ás vezes quero colocá-la no colo, ás vezes morar com ela e sempre quero aprender mais com ela, porque quando eu penso que acabou, me vem ela de novo com algo super interessante, o qual nenhuma garotinha fútil gostaria (admiro muito) e eu morreria sem saber.
só com ela consigo assistir a um programa de decoração ou qualquer variação doméstica, porque acho que ela aceita meus olhos ainda em amadurecimento, de ver apenas arte, enquanto ela vê lar.
eu poderia dizer que ela é uma camaleoa na arte de conviver, ou simplesmente gosta de mim de graça. logo eu que caí de pára-quedas na vida dela e no mundo dela e antes que eu me explicasse, ela já sabia o porquê de tudo.
tem gente que pode achar genuína a personalidade de mulher madura dela, eu prefiro acreditar na transparência e na serenidade que ela me passa, ela sabe que é minha preferida nas conversas e sabe o porquê disso tudo estar escrito aqui.
é o tipo que me agrada, abrangente, flexível e amável. sim, eu vejo e sinto amor por ela, mesmo que ainda não seja definível.

11 de novembro de 2010

"(...)Ia tudo muito bem até que uma garota muito diferente de Aninha chegou na festa. Loira, alta, gostosa e safada, a loira encarnou no meu primo que, mesmo fazendo de tudo para não demonstrar seu ânimo, não dispensou a oferta de olhares devolvendo alguns.
Aninha, como toda moça que ama muito, sentiu no ar a podridão. Meu primo, como todo homem, fez Aninha pensar que estava ficando louca e inventando tudo aquilo. Aninha, que estava há mais de seis horas apenas tentando ser perfeita, desabou mas evitou chorar na frente de todo mundo e, de cabeça baixa e mãozinhas fechadas de ódio, foi ao banheiro mais próximo e se entregou a um rio sem fim de lágrimas.
A família inteira, de tio machista a tia metida a modernete, esbravejou contra Aninha: onde já seu viu armar essa palhaçada! Onde já se viu estragar a festa por causa de uma besteira! Homem olha mesmo, homem não presta, uma mulher precisa ser superior a tudo isso! Uma mulher precisa ser equilibrada e…mulher só casa se… e bláblábláblá.
Eu apenas me levantei, peguei um brigadeiro de colher, e fui ao encontro de Aninha no banheiro. A abracei e chorei junto com ela. Mais de onze anos nos separavam mas naquele momento, éramos apenas duas mulheres que sofriam de amor. Ela pelo meu primo e eu por tantos outros que ficaram pra trás. Ela ainda não tinha aprendido a virar uma escrota maluca e largar o cara falando sozinho na festa, ela ainda tinha a bondade de ir chorar no banheiro e esperar que a vida pudesse voltar a ficar bonita depois da descarga cheia de papel higiênico com ranho. Eu, infelizmente, já tava mais pra loira safada do que pra Aninha.
Come o brigadeiro, Aninha. E eu torço, do fundo do meu coração, pra que você consiga virar essa mulher que não enlouquece, que é superior, que entende a natureza, que aceita que os homens flertam mesmo, procuram mesmo, não conseguem mesmo, mas que, aos poucos, talvez, você consiga acalmá-lo, casar, ter filhos e que, talvez, sei lá, você possa aceitar essa natureza nojenta, o mundo como ele é. Você vai ser mais feliz do que eu, querida, até porque, com tanta doçura e meiguice e feminilidade, o mundo te aceita melhor. Você pode. Não chore. Você pode.
Eu nunca consegui, nunca, eu quero que a natureza se foda. Eu peguei meu casado dourado e fui embora."

Tati Bernardi

8 de novembro de 2010

segunda carta ao universo. (não que a primeira tenha sido postada.)

me pergunto, ás vezes, se mereço essa vida e descobri que SIM! descobri que dessa vez o universo caprichou na dose.
tinha que ter olhos tão verdes e a barba no tamanho ideal? precisava ter personalidade e caráter de homem de verdade, rindo e fazendo piadas com a graça das crianças?
ahh ...não sei se precisava saber tudo o que melhora dores! e me ensinar tanta coisa!?
não tinha necessidade de ser tão tranquilo e me cuidar tão bem... e ainda cozinha!
ah, universo, eu sei que a um tempo atrás eu pedi demais e errado e aceitei o que recebi, mas precisava ser sensível e dormir com cara de anjo?
e outra coisa, Sr. universo, além do que eu já citei, precisava dormir abraçado e ter tanto prazer em me ver feliz? ainda ter um ciuminho gostoso ás vezes?
eu devo ser uma boa moça mesmo pro senhorzinho colocar na minha vida tudo o que uma mulher quer (ou o que eu desejei e veio sob medida, do tamanho certo!)
só tenho a te agradecer, meu amigo, pelos carinhos sem fim, pelo controle natural de tudo, por nada de ruim atingir, por ser forte e doce como eu sempre quis (ah! e por me ensinar que colhemos o que plantamos com esforço... como plantei e colho todos os dias!).
sinta-se eternamente beijado,

ana aguiar. (07/11/2010)