11 de janeiro de 2018

10/01/2018

Meu corpo estava quente de onze boas tentativas de aliviar a mente, usando raquetes. Nadei sem fôlego, porém, devagar e boiei. De olhos vendados pelo sol, escutava ao fundo e ao longe "love is what I got...", hoje eu tinha acertado a música pra praia.
Soltei toda a casca dolorida (que me reveste) naquele espaço verde-minério-da-cidade-maldita e, aos poucos, a água se tornava mais fria e "love is what I got" ...bem mais afastada. Escutei o barulho. O fundo do mar, impávido, me assistia. Frio. Mais alto. Barulho. Ba...ru...lho... desfragmentado. BARULHO!!!!
Corpo mergulhando abruptamente, nadei rápido e num nado híbrido de não sei o que combinado com não sei o que, ambos tirados de não sei onde da minha mente. E vozes...
Presença...
A água se tornando morna e se fingindo transparente, dissimulada.
Pés na areia - mãos no rosto - calor.
Silêncio.

25 de maio de 2017

(Sobre)viver

(en)cantar rasgar em pele, abrir em flor descascar pra colorir de novo é botão, flor, seca e cai. Espinho e pétala. E o meu pé tá lá pra mostrar a mim mesma que o (flore)s(c)er é avançar diante do mundo, diante do ser antigo - para o novo (te)c(s)er.

21 de junho de 2016

21/06

Desço do seu barco
Colocando um pé na água
...
Não dói.
E toca algo que só eu escutava
Antes
De virar o disco, vem a brisa.
E se eu virasse o barco?
Antes
Reedição de cena.
Depois.

25 de janeiro de 2016

11/01/16 - Sobre amor oralizado.

Tenho escrito menos depois dele. Tenho posto menos no papel, mais na voz.
Escrevo oral, conto pra ele as dores e amores.
Poemo-me na frente dele despida de rimas ricas ou classicismos.
E se sinto falta de escrever? Apenas sinto.
Sinto, me sento, falo com boca e olhos. E alma. Pra ele.
Pra mim, pro mundo.
Tenho escrito os poemas mais belos, livros inteiros, prosa poética,
sem freio,
com ele.

5 de dezembro de 2015

5 de dezembro.

Não deu tempo de jogar as cartas ou qualquer consulta pendular que pudesse.
Carreira-solo, Voo panorâmico.
Estou.
Mamãe não gosta do vermelho do papel virado pra cima.
Eu gosto da escolha velada virada pra dentro,
do peito só esse retorno não mais eterno.
Só eu e olhares de cima,
sem fruta mordida.

18 de novembro de 2015

Estou

Não sou absolutamente quase.
Nada.
Ser é definitivo e minhas passagens de ar ameaçam o fechamento repentino
Caso haja ameaça de ser
                                                  [(hermético)].
Estou.
Em cada microexperiência,

E...s                                                  o       
                               t                                                     u.
Por aí em cada amor,
em cada
                                                 céu,
em cada um:

escancarada.

13 de novembro de 2015

Matizada.

Começou com a volta do achar lindo os casais se beijando nos ônibus 
os amores (re)iniciando-se com alguns fios brancos brotando.
Saudade eu tinha da inspiração de coração amolecido, de flores no cabelo
E de (m)ar.
E se houver qualquer indício de dúvida,
avisa que é de cantarolar os sons mais fluidos pela rua de brisa corrente.


Eu, com voz de sorriso, entendo os desenterros que o coração quer falar
Transformar e deixar ir. 
Deixa
Deix
Dei 
De
D
.



E de repente explodi numa escrevência em primeira pessoa eterna
E tudo clareou ao som de cinza.
Até as escolhas vocabulais estão transformadas em tenra infância. 
Nunca estive tão homogênea e díspar
E é essa dualidade o que faz o ar passar pela garganta. 

22 de julho de 2015

Mon dieu (!!!)

Comecei esse texto em terceira pessoa, mas me sinto tão eu mesma que... Eu chupava uma bala de menta (o que seria clichê por demasiado), mas foi apenas por uma tosse insistente. Ele dividiu um paioso e percebeu meus agires com o mundo. Por isso saímos de perto. As poucas expectativas dessa maré de musicalidade, foram completamente destruídas dentro de uma certeza boa de abraçar apertadinho. Agora. Ai.

[ "E o próximo instante, eu sei, é quase lá..." ]


Gustav Klimt - The kiss (detalhe)

7 de junho de 2015

Fotofobia.

Acordou sem dormir num quarto que, caso não se soubesse a falta de amor ali presente, se pensaria que a luz era sentimento esvaído de dentro dos dois peitos fechados.
Abriu os olhos e toda a distância entre eles não correspondia ao real. Na verdade a sensação era de que estavam à distância de anos luz e concomitante, um dentro do outro.

Ela, desde a primeira vez me transformou em euforia (haha), mas a inércia que costuma se aboletar de mim quando eu mesmo me vou (ZzZz), é de dar nó na mente e bagunçar qualquer reação ocitócina que exista.

Não sabia se era frio ou calor, que cabelo era de quem ou que coração batia mais sereno (leia-se baixo. talvez tenha tentado um otimismo) e sonolento, como esses escritos.
Abriu os olhos como fechou o coração: instantâneo e insone.

Ela só funciona ao vivo. Entre ligações e bilhetes curtos, quando me vê abre um sorriso e desata um chamego de dar laço forte.
É difícil falar sobre ela, tentar decidir se durmo com ela, não me desatinar num sorriso rasgante por sentir que a divirto.

Era vontade que tinha de sair correndo, num escorrer de prédio a baixo - ou melhor, evaporar por ser mais sucinto - pra ver se tanta vontade era vontade mesmo ou se era "não pode". O não pode pode ter surtido grandes efeitos nessa noite em que precisou-se curar o frio (um físico e um do coração) com distância e atrelamento.

Ela esteve. De verdade. Ou estive sonhando.
É tão difícil escrever sobre ela que mexe com meu lado direito brutalmente.
Talvez não floresçam palavras fáceis pois não a sei. Ou acho que sei mas tenho certeza que não. Acho que ela tem vários de mim, e isso talvez também seja sonho, mas prefiro crer e até sentir a dor minúscula que desponta no meu bater de coração, do que crer que sou só (eu).

Nesse dia repetidamente crepusculante tudo pareceu mais próximo e real. Uns ou outros esbarrões emocionais curados com beijos e entrelaçados de pernas e tudo se passou com humor de sol à pino e intimidade de apenas duas vidas.
Bebeu. E entre náuseas, gargalhadas, incertezas, conforto, fumaça, resolveu pular do barco pro mar e nadar. E boiar.
Soltou o corpo na água que era cama e deixou o sono vir, pois o amanhã a Deus pertence. E a quem sabe cuidar do próprio coração.

Enfim, ela é boa comigo (não pra mim). E sabe que quando se trata dela, sou alvo de represálias e autor de réplicas e tréplicas  a meu favor.
A última vez que a vi tudo acabou com três beijos na testa, um na mão e uns quatro na boca - talvez - pois o da mão foi um pedido de perdão, e depois disso meu coração vagabundo se apossou da mente e não me recordo de mais nada.

[ https://www.youtube.com/watch?v=J2xc8xZ0tV0 ]