7 de março de 2011

Ótica

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Acabei de ver no espelho a única pessoa que vai morrer comigo. Acabei de descobrir que o coração dela ainda dói a dor da perda, ou como ela diz: "não é perda, é separação." E ela como poucos entende disso.
Ela sabe que é bonita, mas acabou de lembrar. Ficou com esse mérito cinco anos adormecido... hoje, ouvindo os elogios vazios do mundo, ela se lembrou que é atraente e que não é certo poupar seus desejos por mil pudores.
Precisava sentir a garganta arder e disse que sentiu. Precisava ser forte e viver um pedaço ruim que ainda assombrava e viveu em três dias tudo o que perdeu em um ano, falou o que realmente pensava sobre uns e sobre o mundo... com Deus, com uns e com o mundo.
Pediu perdão a si e podem acreditar, ela está leve e fresca, esperando com serenidade - que deseja pra tudo - a calmaria chegar.
Me disse abruptamente que se arrepende de muito, mas que agora, esse muito se transformaria em amor e seria sua redenção.
Ela pode se afastar por quanto tempo quiser, disso eu sei. Dias, anos, mas o mundo ainda a assusta e machuca... sei que ela não entende a maldade alheia, de graça e talvez seja melhor reprovar pra sempre mesmo, mas ela corre até o fim pra não devolver nem inconscientemente a maldade nas mesmas proporções venenosas que lhe é direcionada.
Ela achava que ser inteligente era tudo, mas viu como era muito mais, mais fácil, menos mórbido, mais leve.
Não teve o desrespeito do fim do amor, disse que está suave e espera o NADA. Isso, o nada. Ela só quer ser feliz comigo
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Um comentário:

Caetano disse...

esse muito se transformou em amor e foi sua redenção.

lindo texto.
te amo