14 de setembro de 2010

fundo.

você não crê, não quer ver ou não acredita quando eu juro até por mim mesma que na hora de gritar, a voz se esvai pelo vão assustador do desespero?
à noite, junto com a tontura e a vertigem, vem a explosão involuntária de tudo o que já havia sido extinto do coração, da alma...
e aí eu quero um abraço que me corte o ar, quero segurar cabelos com força, quero que abram minhas mãos, o contato com o ombro quente e molhado sentindo o cheiro da pele, quero a total aceitação das minhas lágrimas e desespero, quero exclusividade, mais atenção do que se dá a um bebê. tudo o que não se faz pra uma pessoa quando ela está de birra, porque birra não combina comigo, nem com o meu problema.
combina queimar tudo por dentro, combina o silêncio cheio de "eu te amo", combina o vento quase a me derrubar, a sua presença contra a vontade de qualquer pessoa...
que não me mandem fazer outra coisa a não ser me confortar, que não me atrapalhem se não puderem ajudar, não me mandem ler, porque meus olhos se fecham, nem conversar, porque a voz some ou o ar acaba, nem a sair por minhas pernas perderem a força.

não ser a contradição que solidifica aqui dentro em forma de dor, não doer a cada vez em que você é VOCÊ mesmo e isso implica em lágrimas, não ser a dúvida nem a náusea de não ser de repente.

só almejo o brilho que me foi ofuscado, ou que me foi roubado, ou que eu mesma desfoquei há algum bom tempo pra fazer outra alma suspender.
desejo ser meu interior em qualquer circunstância, em qualquer cama, qualquer brisa, qualquer sol, dor, contradição...
e que o silêncio dolorido dos travesseiros não seja mais alto que meu grito abafado.

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