Ainda lembro o dia em que em meio a lágrimas e enjoo, você
me pediu pra morar contigo. E da promessa de que cuidaria bem de mim porque.
E ontem, naquela festa estranha, te vi sentado no chão, sem
barba e sem me ver, só com muitos cachos na cabeça e muito embrulho no meu estômago. Eu não sei se existia.
As castanheiras do pátio balançavam tão forte com o vento,
quanto meu cérebro dentro do crânio.
Eu quis desintegrar e ir pra longe com aquele vento, mas
depois disso eu só via você e o terror sentados no chão, sem um sorriso, sem um
afeto estampado no rosto e eu não existia.
Apareceu um palhaço, em meio a lágrimas interiores e enjoos
exteriores, rodeou, rodeou e parou atrás de mim. Menos enjoo.
Me deu uma mão, me deu a outra mão e com as duas/quatro mãos
dadas, me colocou nas costas e me tirou dali. O barulho das folhas das
castanheiras começou a se afastar assim como seus olhos sem brilho e seu
semblante amorfo. E como meu medo.
Eu e o palhaço paramos de andar, quer dizer, ele (sério, claro e certo), salvador,
comigo nas costas, sem dizer uma palavra sobre uma grama verdinha e
refrescante como a figura dele, que me faz corar e surpresa. Meu coração voltou
a bater no ritmo certo, a respiração serenou e acordei.
Sem medo desse resquício de pesadelos que ainda tenho, sem
me sentir desprotegida, sem cachos e enjoo como tem sido, com carinho distante
de palhaço, com muita certeza e amor por minha existência e só com a feliz memória
real do dia em que, em meio a lágrimas e enjoo, você me pediu pra morar contigo
e de tudo o que ganhei depois disso porque.
4 comentários:
A primavera chegou e com ela vem novos frutos, novas folhas e por que não novos cachos. TE AMO, flor de mi vida.
Preta.
É do sorriso calmo ,sereno e fresco que se alimenta o palhaço! E do brilho dos teus olhos, ele tira a força pra seguir fazendo olhos menos radiantes brilharem um pouco mais, um pouco menos... tocaria na minha vitrola todas as musicas do mundo só pra te ver dançar!!
Palhaço esse que tem o papel de levar sorrisos e alegrias, ele se alimenta do calmo sorriso para que, outrora, compartilhe do mesmo. Que lindo texto Aninha. Jojô
Postar um comentário