1 de outubro de 2014

O salvador onírico.

Ainda lembro o dia em que em meio a lágrimas e enjoo, você me pediu pra morar contigo. E da promessa de que cuidaria bem de mim porque.

E ontem, naquela festa estranha, te vi sentado no chão, sem barba e sem me ver, só com muitos cachos na cabeça e muito embrulho no meu estômago. Eu não sei se existia.
As castanheiras do pátio balançavam tão forte com o vento, quanto meu cérebro dentro do crânio.
Eu quis desintegrar e ir pra longe com aquele vento, mas depois disso eu só via você e o terror sentados no chão, sem um sorriso, sem um afeto estampado no rosto e eu não existia.
Apareceu um palhaço, em meio a lágrimas interiores e enjoos exteriores, rodeou, rodeou e parou atrás de mim. Menos enjoo.
Me deu uma mão, me deu a outra mão e com as duas/quatro mãos dadas, me colocou nas costas e me tirou dali. O barulho das folhas das castanheiras começou a se afastar assim como seus olhos sem brilho e seu semblante amorfo. E como meu medo.

Eu e o palhaço paramos de andar, quer dizer, ele (sério, claro e certo), salvador, comigo nas costas, sem dizer uma palavra sobre uma grama verdinha e refrescante como a figura dele, que me faz corar e surpresa. Meu coração voltou a bater no ritmo certo, a respiração serenou e acordei.


Sem medo desse resquício de pesadelos que ainda tenho, sem me sentir desprotegida, sem cachos e enjoo como tem sido, com carinho distante de palhaço, com muita certeza e amor por minha existência e só com a feliz memória real do dia em que, em meio a lágrimas e enjoo, você me pediu pra morar contigo e de tudo o que ganhei depois disso porque.

4 comentários:

Anônimo disse...

A primavera chegou e com ela vem novos frutos, novas folhas e por que não novos cachos. TE AMO, flor de mi vida.
Preta.

Anônimo disse...

É do sorriso calmo ,sereno e fresco que se alimenta o palhaço! E do brilho dos teus olhos, ele tira a força pra seguir fazendo olhos menos radiantes brilharem um pouco mais, um pouco menos... tocaria na minha vitrola todas as musicas do mundo só pra te ver dançar!!

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

Palhaço esse que tem o papel de levar sorrisos e alegrias, ele se alimenta do calmo sorriso para que, outrora, compartilhe do mesmo. Que lindo texto Aninha. Jojô