5 de junho de 2012

Li todos os textos não lidos até o "Amor é síntese" com o peito carregado de saudade - e confesso -um pouco de mágoa.
 Porém, Sr. Amigo de Infância, (apesar de eu ser uma das mulheres mais corajosas que conheço)meu peito também aperta pela (in)certeza do retorno. Ok, não devemos dar esperando de volta, porém te conheço há muito e talvez o senhor me conheça muito melhor que eu, logo, não me arrependo nem de me arrepender do que eu possa causar no seu enorme coração congelado. Pra mim, um freezer que a vida instala dentro do nosso peito com o passar do tempo e a cada decepção a temperatura cai mais.
Porém, pessoas 80 como eu, gostam de acender um fósforo aqui dentro de vez em quando, porque pessoas como eu amam ou não. 
Sei que o senhor entende quando eu digo: algumas amizades acabam e é chato, outras acabam e é dolorido de fechar a garganta. Outras pessoas passam intensamente pela nossa jornada e quase nos fazem acreditar na existência delas. Mas eu e o senhor, mesmo que me deteste até o fim da vida, somos conscientes e certos da nossa existência, nós nunca precisamos de "achismos", porque nossos abraços sempre foram um mundo projetando a perfeição no outro, destruído ou não.

Fico por aqui, lembrando ao senhor que isso foi só um fósforo no seu freezer, bem mais gelado que o meu... mas que minha intenção era abrir as portas e acender uma fogueira.

3 de junho de 2012

O homem abreviado.


Enquanto eu destrincho ideias e ideais pra ver se ele consegue decifrar pelo menos dez porcento de mim, o homem abreviado corta tudo pela metade: gestos, palavras, sons.
Logo comigo que escrevo por extenso todos os números da minha existência? Quando paro e penso um dia inteiro, posso escrever um livro, ele, uma página.
O pior é que não é falta de conteúdo - ele é bem cheio - mas acostumou ao monossilábico pra explicar, ouvir, amar. Eu fico dividida entre meu celular odiado por ele, prestar atenção no gosto do chiclete ou alegrar minhas mãos no cabelo liso dele. Assim, não sei como - assim como ele não sabe não abreviar - eu gostava dele. Meu teste.
Quando ele parava o carro, meu ser já se carregava de pensamentos nossos em formas de palavras que eu escrevia com os pés, saltitante no caminho até minha casa. Talvez ninguém tenha percebido ou dito até hoje o quão econômico ele é. Eu, falo sozinha.
E eu que prefiro detalhes, cantos, camas, sabores, sons (todos completos, quase um filme), perdi o interesse abreviado quando ele me cobrou e se queixou numa extensa lamúria sem abreviação. Vai entender.